Eram dois vizinhos que mantinham um bom relacionamento de amizade. Um deles comprou um coelho para os filhos. Logo, os filhos do outro vizinho também desejaram um animal de estimação.
O pai lhes comprou um filhote de pastor alemão.
A preocupação teve início. O dono do coelho achou que o cão poderia comer oseu animalzinho. O outro acreditava na boa índole e afirmou que o pastor era filhote.Bastaria que os animais fossem colocados juntos, aprendessem a conviver desde cedo e tudo daria certo. Eles seriam amigos. E por um tempo foi assim.Juntos cresceram e se tornaram amigos.Era comum ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa.As crianças, felizes, com os dois animais.
Certa sexta-feira, o dono do coelho resolveu viajar com a família. O animal ficou sozinho. No domingo à tarde, o dono do cachorro com sua família tomava um lanche quando, de repente, entra o pastor alemão com o coelho entre os dentes. O pobre animal estava imundo, sujo de terra, morto.
Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo. Deram-lhe uma grande surra. Depois, veio o dilema: "o que fazer, agora? Afinal, o vizinho estava certo. O cão mataria o coelho." Os donos do animal morto logo chegariam. O que fazer? Como consertar o estrago?
Enquanto isso, lá fora, o cachorro chorava, lambendo os seus ferimentos. A grande dificuldade era como explicar para os filhos do vizinho o que acontecera com seu amado animalzinho. Então surgiu a de lavar o coelho, deixá-lo limpinho, secá-lo com o secador, arrumar bem o pelo e o colocar em sua casinha.Assim pensaram. Assim fizeram. Até perfume colocaram nele.
Ao final, as próprias crianças disseram: "Parece vivo! Ficou lindo." Pouco depois, ouvem a algazarra da família ao lado chegando. As crianças gritam. O coração dos donos do cão batia forte e eles pensaram: pronto! Descobriram! Passados alguns minutos, o dono do coelho bate na porta, assustado. Parecia ter visto um fantasma.
"O que foi?" Perguntam."O coelho, o coelho... morreu!" Diz aquele."Morreu?" - inocentemente fala o pai da família dona do cão. "parecia tãobem hoje à tarde.""Morreu na sexta-feira!" - exclama o outro."Na sexta?""Foi. Antes de viajarmos, as crianças o enterraram no fundo do quintal.Imagine que agora está lá na casinha, limpo, branquinho, reapareceu!"
A história termina aqui. Não importa o que aconteceu depois. O que merece ser examinada é a situação do pobre cachorro. O pobrezinho, desde a sexta-feira, quando sentiu falta do amigo, começou a farejar. Finalmente, descobriu o corpo morto e enterrado. Com o coração partido, ele desenterrou o amigo de infância e foi mostrar aos seus donos. Talvez esperasse que eles o pudessem ressuscitar. E o que acontece?Pancadas e mais pancadas. Simplesmente porque expressava a sua preocupação com um amigo.
Quase sempre procedemos assim em nossos relacionamentos. Julgamos os outros, sem antes verificar o que aconteceu de fato.É suficiente que suspeitas sejam levantadas contra alguém, e estamos prontos a nos afastar da pessoa. E até a comentar, continuar divulgando os fatos ouvidos.Tudo sem antes verificar se os fatos são verdadeiros, sem ir indagar daquele de quem se fala, o que, de verdade, está acontecendo.E assim velhas amizades são destruídas. Reputações são manchadas. Pessoas nobres recebem ingratidão. Tudo porque, quase sempre, tiramos conclusões precipitadas das situações e nos achamos donos da verdade.
Pensemos nisso!
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